As doenças glúten-relacionadas podem ser classificadas de acordo com o mecanismo patogênico predominante segundo consenso realizado em Londres.
1 – Alérgico: alergia ao glúten
2 – Autoimune: doença celíaca
3 – Não alérgico e não autoimune
Na alergia ao glúten os sintomas aparecem minutos a horas após ingestão de glúten, incluindo prurido, inchaço na boca, nariz, olhos e garganta, falta de ar, rash cutâneo. As manifestações gastrointestinais da alergia ao trigo podem ser semelhantes as da doença celíaca, porém não há dano permanente ao sistema digestório. As alergias respiratórias são mais frequentes no adulto (asma e rinite) e as alimentares mais frequentes em crianças.
Vamos nos ater a doença celíaca que é considerada uma afecção crônica sistêmica imunomediada desencadeada pelo glúten da dieta, com forte influência genética especialmente relacionada à presença do HLADQ2/DQ8.
A doença celíaca é a doença autoimune mais comum e de distribuição mundial. Sua prevalência global aumentou consideravelmente nos últimos 50 anos, sendo considerada atualmente um problema de saúde pública. A maior incidência de doença celíaca nos últimos anos, se dá pela maior disponibilidade de testes sorológicos e biópsias endoscópicas ( primeira e segunda porções do duodeno). A doença celíaca resulta da interação entre fatores genéticos, ambientais e imunológicos.
O diagnóstico se baseia: quadro clínico, sorologia positiva ( o anticorpo antitransglutaminase IGA é o preferido para detecção da doença celíaca em qualquer idade; a antigliadina deaminada IGA e IGG tem alta sensibilidade e especificidade para doença celíaca, sendo que a antigliadina IGG é reservado para indivíduos com deficiência de IGA especialmente em crianças com menos de 2 anos) e alterações histopatológicas da mucosa duodenal: obter uma a duas biópsias do bulbo e quatro a cinco fragmentos pós bulbar, utilizando a classificação de MARSH para avaliação da mucosa duodenal, levando em consideração: linfocitose intraepitelial, criptas e vilosidades.
Na doença celíaca pode-se encontrar desde sinais e sintomas de má absorção de apenas um nutriente até pandisabsorção com repercussões graves a nutrição do indivíduo. As manifestações mais comuns da doença celíaca são: anorexia, cansaço, emagrecimento, fraqueza, baixa estatura, desgaste físico, febrícula, hipotensão. A doença celíaca pode ser diagnosticada em qualquer época da vida.
Complicações da doença celíaca: anemia decorrente da deficiência de ferro, vitamina B12 e/ou ácido fólico, osteomalácia por hipocalcemia e déficit de vitamina D, jejunite ulcerativa: rara manifestação precoce de malignidade.
Linfomas do intestino delgado: 6 a 9 vezes mais risco para Linfoma não Hodgkin do que a população geral.
Carcinomas: mais do esôfago
Adenocarcinoma: raro, mais em mulheres, mais no jejuno.